segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Peço-lhe muito simplesmente que não o condene


Compadecida: "João foi um pobre como nós, meu filho, e teve que suportar as maiores dificuldades de uma terra seca e pobre como a nossa. Pelejou pela vida desde menino. Passou sem sentir pela infância. Acostumou-se a pouco pão e muito suor. Na seca comia macambira, bebia o sumo do xique-xique, passava fome.
E quando não podia mais rezer, quando a reza não dava jeito, ia se juntar a um grupo de retirantes, que iam tentar sobreviver no litoral, humilhado, derrotado, cheio de saudades.
E logo que tinha notícias da chuva, pegava o caminho de volta, alegrava-se de novo, como se a esperança fosse uma planta que crescesse na chuva, e quando revia sua terra dava graças à Deus por ser um sertanejo pobre, mas corajoso e cheio de fé.
Peço-lhe muito simplesmente que não o condene."

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O Auto da Compadecida

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